Tuesday, July 25, 2006

Poetisas da comarca dos meus sonhos

* Renato Pedroso [11/06/2006]

Sempre é bom encontrar coisas boas sobre nossa cidade das pessoas que por aqui passaram e daqui levaram boas recordações.

Vejam o que o Dr. Renato Pedroso, escreveu no jornal Estado do Paraná.

Sempre que me recordo de Astorga, uma saudade imensa me domina.
Como já escrevi, lá desfrutei de rara felicidade, vinculando-me coracionalmente aos meus jurisdicionados, certo que a tenho, em meu coração, eleita a comarca dos meus sonhos.

Dias passados, por ocasião da Feira do livro, ali mesmo, na Praça Osório, tive ensejo de relembrar os dias venturosos dos oito anos que vivi em Astorga, convivendo com seu povo amável e generoso.

É que reencontrei querida amiga, que expunha sua produção literária, representada por maravilhosos poemas.

Maria Lúcia Ferreira Barbosa, que conheci bem jovem, menina mesmo, filha de dileto amigo e serventuário da Justiça, João Ferreira Barbosa, é, agora, ao lado de sua irmã Helena Barbosa Mendonça, distinguida poetisa, para gáudio de seus amigos e apreciadores da arte literária.

A primeira, formada em Direito, fez rápida e bem-sucedida carreira no Ministério Público, aposentando-se e residindo em Londrina, onde participa de importante escritório de advocacia, pós-graduada que é em Direito Ambiental pela Universidade de Castilla - La Mancha - Toledo, Espanha.

Como ela própria afirma, define-se como “alguém que, desde 1984, abdicou da poesia - terreno movediço das emoções e guiou seus passos pela razão e pela lógica, até o reencontro recente e inevitável com a emoção guardada e a magia das palavras”.

Retornando, em setembro de 2004, passou a produzir versos brancos e livres, como diz modestamente, embora componha lindos sonetos, ricos de rima, à exemplo deste:

Revejo minha vida e suas circunstâncias
do alto da colina duramente escalda;
coração, mas a razão em preponderância
não preveniram feridas da caminhada
Vitórias, derrotas, ação e reação,
Erros, acertos, ilusão... desilusão
fazem íris das cores desta composição,
tela vivida, pincelada de paixão...
Assim fui, assim sou, cigana de mil dores,
protagonista ativa de todo teu cismar,
garras na tua pele, sangrando teus licores...
Deles embriagada, ébria vou te buscar,
Neste desejo... na tua boca sopro amores,
nestes meus braços te faço crucificar!

A segunda, atualmente morando em Rolândia, também de rara sensibilidade poética, assim explica a sua verve: “No colégio interno das Irmãs Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus, onde estudou, recebeu de presente o primeiro livro de poesias de J. G. de Araújo Jorge e, a partir daí, iniciou as primeiras construções poéticas, sempre adotando o estilo breve, composto de versos de significado e vida própria que se completam no contexto do poema. Abandonou a poesia, quando as três filhas vieram, e a ela retornou há dois anos, seguindo a mesma trilha de brincar com as palavras e passar uma mensagem sem ater-se aos requisitos formais da poesia”.

Ausência é um modelo do seu poetar,
Ausência, barco sem rumo e sem vela
é grito de dor que ecoa na alma
segredo de mágoa que não revela
Estertores, que nos furtam a calma
Ausência é como cruzar distâncias
Vencer rios, mares, vales e montes
O pensamento coberto de ânsias
Passos aflitos transpondo pontes
Ausência é um sentido que atormenta
levando em nossos olhos um véu negro
é o desespero que não se agüenta
e frisando os passos de puro medo
É desespero da falta de mim
é ter o bem sem o poder tocar
Ser andarilho na estrada sem fim
gemido de dor, eterno chorar
Se perto não te tenho, meu amor
nada interessa, me despeço da vida
Eternamente vou gritando a dor
triste tormento sem tua guarida.

Astorga principalmente, mas também Londrina e Rolândia devem orgulhar-se de tão magníficas poetisas.

João Ferreira Barbosa, na placidez remançosa dos braços do senhor e D. Georgina, que convive com suas filhas, merecem louvores porque, na realidade, Lucy e Lenya Terra, heterônimo das versejadoras, podem figurar na galeria dos grandes literatos paranaenses!

De minha parte, envaideço-me em conhecê-las e tê-las em meu coração!

Luís Renato Pedroso é desembargador jubilado, presidente do Centro de Letras do Paraná e vice-presidente do Movimento Pró-Paraná.

2 Comments:

At 12:29 AM, Anonymous Anonymous said...

Aos idealizadores deste blog, meus agradecimentos por reeditar a matéria em que o nosso Exmo. Desembargador Luiz Renato Pedroso, destaca os nossos escritos com tanto carinho e fala da nossa terra com tanto amor, a quem agradecemos a deferência e o reconhecimento.
Abraço,
Helena Barbosa(heterônimo de Lenya Terra)

http://helenareibrazil.spaces.live.com/
www.abrali.com/web/lenya_terra
http://www.ecosdapoesia.net/biografias/lenyaterra.htm
www.joaquimevonio.com/espaco/lenyaterra.htm

 
At 12:32 AM, Anonymous Anonymous said...

Aos idealizadores deste blog, meus agradecimentos por reeditar a matéria que saiu no JORNAL DO ESTADO DO PARANÁ em que o nosso Exmo. Desembargador Luiz Renato Pedroso, destaca os nossos escritos com tanto carinho e fala da nossa terra com tanto amor, a quem agradecemos a deferência e o reconhecimento.
Abraço,
Helena Barbosa(heterônimo de Lenya Terra)

http://helenareibrazil.spaces.live.com/
www.abrali.com/web/lenya_terra
http://www.ecosdapoesia.net/biografias/lenyaterra.htm
www.joaquimevonio.com/espaco/lenyaterra.htm

 

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